Muito se fala sobre a proteção da Amazônia. E muito se faz também, com o mesmo intuito.
Mas será que estas intervenções – do “homem branco” ou da “civilização” – têm levado em consideração aqueles que moram na região?
O mundo inteiro ouviu falar – recentemente – sobre as trapalhadas presidenciais que, primeiro autorizaram atividade mineradora em área protegida da floresta para, logo em seguida (acuada por conta da grita geral) recuar e revogar o decreto que permitia a extração de riquezas minerais do solo habitado, hoje, por indígenas e uma comunidade extrativista voltada à exploração sustentável de castanhas.
O documento presidencial trouxe de volta – para a tribo Waiãpi – as piores lembranças. Ocupando cerca de 6.000 quilômetros quadrados em áreas de densa floresta amazônicano Amapá, a etnia contava – até os anos 1970 – com população de cerca de 230 índios. Naquela década, a tribo teve o primeiro contato com o homem branco, o que resultou na morte de 80 membros, muitos deles tentando defender seu habitat da mineração clandestina no centro-oeste do Estado.
Hoje, por conta de conflitos decorrentes de invasões de garimpeiros e do sarampo (contraído não só dos exploradores das riquezas do solo como também dos operários de obras viárias), os índios Waiãpi foram reduzidos 151 pessoas.
Jawaruwa Waiãpi, um dos líderes da etnia, conta que os índios do grupo sequer sabiam que o lugar que habitam é uma área protegida. Só tiveram conhecimento do assunto quando o tal decreto presidencial a extinguiu.
Diante disso, fica muito claro que as decisões relativas à Amazônia têm sido – em proporções assustadoras – tomadas sem que se considere aqueles que habitam a região.
Não é difícil imaginar o que o povo Waiãpi sentiu...Qual seria a sua reação se um decreto presidencial autorizasse uma exploração do solo aí embaixo da sua casa?
É para se pensar, não?
[Fonte: Veja.com]
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